quarta-feira, 26 de maio de 2010

Livros... melhor não tê-los!

Hoje eu fiz uma doação de livros.
Não é a primeira vez que faço isso, já que, depois de muita convivência com eles, cheguei à conclusão de livros procriam.
Sim: um belo dia, você olha sua estante e vê que aquele lindo exemplarzinho está acompanhado de uma exemplarzinha. É dito e feito: quando você se dá conta, a estante já está tomada.
Então, de tempos em tempos, eu despacho todo mundo. Dou alguns para pessoas que sei que vão usar, outros dou lá no sebo e ganho uns trocados, outros vão para reciclagem.
Mas esta última leva foi diferente.
Nela estavam meus companheiros antigos: sabe aquelas edições Bom Livro, da Ática, já meio carcomidas de tanto uso. Pois é. Foram embora. Foram-se Iracema, um monte de Machados, uma coleção inteirinha de Romantismo e Realismo e - pasmem! - um bocado de Modernistas. Sim, tive a audácia de despachar um Andrade atrás do outro. Até Vinicius.
Tudo bem que deixei na biblioteca municipal, com a recomendação expressa de que o que eu deixava ali era muito importante, e que pedia apenas para que guardassem para mim aquelas cinco caixas pesadas. Delas saíam as cabeças de vários livros e não minto que cheguei a pensar em catar alguns e trazer de volta.
Acho que hoje fiz uma coisa importante. Parece que passei uma régua numa fase da vida quando me separei daqueles livros. É claro que deixá-los lá foi simplesmente ficar livre de um peso. O que deles é importante está aqui dentro e não sai nunca.
Mas me deu uma certa dor no coração. Mas tinha de ser feito. Se livros têm vida, como acredito que tenham, também devem circular...
E espaço na estante é tudo de bom.

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