domingo, 27 de setembro de 2009

Marley e eles

Nesse meio-tempo-perdido, acabei de ler Marley e Eu (ainda não vi o filme). É claro que não vou falar mal do livro, porque corro o risco de ser o primeiro caso de expulsão Internet. Também não o faria. A história é ótima, delicia da primeira à última página e cumpre aquilo que promete.
Mas quando acabei de ler, fui à estante para pegar na mão um outro livro de cachorro que me encantou quando eu li - e por motivos opostos daqueles me fizeram gostar de Marley (aí está a graça da literatura). Falo de Caninos Brancos.
O livro foi escrito em 1910 por Jack London e conta a história de animal híbrido entre um lobo e um cachorro. Só por aí, já valeria ler o livro. Mas o que é interessante é que a história, apesar de seguir a mesma trajetória de Marley e Eu quando conta a inserção de um animal num meio humano, tem um enredo de ódio e sangue. O cenário é o Alaska do século XIX e as primeiras páginas do livro já começam com uma luta desesperada de alguns homens para tentar sobreviver no meio de uma selva de gelo e olhos de lobos que espreitam para devorá-los. Caninos Brancos sofre como o inferno na mão dos homens. Uma parte que, na minha leitura, foi mais marcante, narra o momento em que Caninos é usado como animal de luta. Gente... eu suava e tremia com o livro na mão!
É o tipo de cena que passa a anos-luz de distância da história de Marley. Um dono com a tolerância de John Grogan é algo digno do dinheiro que ele ganhou com a história do seu cachorro. As cenas descritas, mesmo as do desespero de Marley durante as tempestades, não chegam aos pés da dramaticidade e da crueza da narração de Jack London.
Nem era para ser...
Mas sobretudo, o que me chama a atenção quando se lê um livro sobre animais, como esses, é que eles falam, cada um à sua maneira, do homem que está por trás do bicho. Caninos acaba domesticado e feliz. Assim também é Marley. E acho que a graça dessas histórias é o conforto que a onipotência humana acaba conferindo àquilo que toca. No fundo, é disso que gostamos quando lemos histórias de cachorros.

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