Minha estante se parece com as ruas de Caçapava, por onde perambulo todos os dias.
Existem aqueles pedaços com casas chiques e novas, que poucos passos depois se transformam em residências medianas, mas novas. Aí tem aquela viela cheia de casebres pobres e depois umas casas também medianas, mas antigas. Tudo assim de misturada, sem muito planejamento.
Minhas prateleiras são assim, também.
Existe a fileira dos livros novos e cheirosos, de edições bonitinhas e capas novas; logo depois, vêm aqueles cacarecos catados de sebos, na sequência uma coleção mediana de edições de banca.
E existe o condomínio dos livros clássicos, de edições com capa dura e papel jornal, se não me engano da Record. É algo bem dentro do conceito "o que importa é o conteúdo", já que a desgraça do papel jornal é que, passados alguns anos, o treco começa a ficar com um cheiro medonho.
Esses livros eu comprei na banca. Alguns eu já li e outros ainda não - ficam ali esperando uma certa vontade.
E eis que esses dias eu fui acometida por essa tal vontade - e resolvi pegar um volume chamado Cais da Sagração, do senhor Josué Montello. Esperava uma leitura pesada e lenta - e de repente não consegui mais me desgrudar das vivências do grande Mestre Severino, sua Vanju, sua Lourença.
Fiquei de amores pela leveza do texto, simplicidade e principalmente pelas rupturas de narrativa. Ainda não acabei de ler a obra, mas me espantei e me apaixonei. Conto mais logo-logo.
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